Quando eu li "Notícia Urgente" imaginei que era algo triste. Quando li que você não trazia boas notícias, deu uma vontade inconsciente de não ler o resto.
Correu em minha cabeça um filme inteiro de nossa infância, quando ela ia no quintal, colher mandioca na hora, pra fazer beiju pra gente naquele aribé de barro; quando ela brigava com o Vô Tõi na hora em ele segurava a gente à força naquela preguiçosa, pra matar de cócegas; a imagem dela fazendo cordão de algodão; fazendo capitão de feijão com farinha; quando alguém chamava na porta e ela gritava "chegue pra diante"; quando chamava alguma mulher de "merimã"; quando a gente pedia a bênção e ela respondia: "Deus te dê fortuna" (no meu caso "Deus te dê juizo",rs); de todas as Semanas Santas, e coincidentemente, noites de São João, em que todos os filhos e netos se reuniam na Cabeça do Boi.
Nunca vou esquecer a cena dela comparando a mão dela, maltratada pelo tempo, com a mãozinha do Arthur, com apenas 5 dias de vida. Bateu uma tristeza incontrolável quando saí da casa dela da última vez (e realmente foi a última). E por mais que esperasse um telefonema daí a qualquer momento, é muito mais triste e doloroso quando acontece.
O pior é que eu tô em Manaus há 20 dias, e a partir desse fim de semana vou passar mais uns 2 meses incomunicável no meio da Amazônia.
Apesar de sabermos que a morte não pode ser evitada, tentamos até ignorar o fato dela chegar um dia, mas ela chega. Só resta nos contentarmos com o fato dela ter morrido sem dor, e com a idéia de que ela esteja ao lado de nosso avô, com a Aninha no colo (tenta imaginar essa cena).
E que preço nós pagamos pra que ela finalmente tivesse sua dignidade de volta, e não precisar mais de ninguém, pra nada.
Adoraria dar um último beijo nela...
Um grande abraço,
Jacimar, Alynne e Arthur
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